Estou
aqui sentada no banco de meu jardim a olhar para as árvores, umas com as folhas
verdes, outras amarelas, o chão está repleto de folhas castanhas que não deixam
ver o verde da relva. Encostei-me mais um pouco ao banco, que não era lá muito
confortável, levantei-me e entrei dentro de casa, peguei num casaco e nas
chaves, saí de casa, trancando a porta.
Andei
pelas ruas do meu bairro, lembrando-me de quando era mais nova e andava por ali
a correr com todas as outras crianças da minha idade. Olhei em volta e
lembrei-me de uma tarde em que estava sozinha a ler um livro, tinha uns 10 ou
11 anos.
Foi
numa tarde de primavera, lembro-me de todos os pormenores desse dia, o sol
brilhava, não havia nuvens no céu, todas as crianças da minha idade estavam na
rua, umas jogavam à bola, outras saltavam à corda e ainda algumas a brincavam
às escondidas. Eu estava sentada no chão a ler um livro que a minha mãe me
tinha dado intitulado “Gémeas no Colégio de Santa Clara I”. O livro era muito
engraçado e ainda só estava nas primeiras páginas, ri-me várias vezes sozinha
devido a certas coisas que aconteciam no livro e algumas meninas vieram
perguntar-me se eu queria ir brincar com elas, mas eu disse que não.
De
repente sinto alguém a tocar, pensei que fosse outra menina a perguntar se eu
ia saltar à corda, por isso disse de imediato:
-
Não quero ir brincar, deixem-me ler!
-
Estás a ler um livro que a minha mãe escreveu. – respondeu uma voz que eu não
reconhecia.
-
A nossa mãe. – disse outra muito parecida.
Olhei
para cima e não queria acreditar no que estava a ver, esfreguei os olhos.
-
São mesmo vocês? – perguntei.
-
Sim. Eu sou a Patrícia.
-
E eu a Isabel.
-
Vocês existem mesmo?
-
Sim, não estás ver? – perguntou a Isabel.
Começamos
a conversar durante muito e muito tempo e, por momentos, esqueci o livro.
Foi
um dia espetacular.
Catarina
Pereira, 9.ºA